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Hereditariedade e câncer: qual é a relação

Quem tem familiar com câncer na família, principalmente um parente próximo, como mãe, pai ou irmão, costuma se indagar sobre a questão da hereditariedade e câncer.

É importante destacar que todos os cânceres são causados por alterações nos genes, pois eles que informam às células do nosso corpo sobre quais são as proteínas usadas em nosso organismo. Com as questões do envelhecimento, em conjunto com os fatores ambientais (toxinas, exposição ao sol, hormônios, etc.), os genes sofrem mutações, que originam o câncer.

Mas, em geral, hereditariedade e câncer raramente estão relacionados. Existem somente alguns casos em que a doença é herdada geneticamente, tal como o retinoblastoma, um tipo de câncer nos olhos, ele é mais comum na infância, e afeta cerca de 400 crianças por ano no Brasil.

Por outro lado, existem ainda alguns fatores genéticos que tornam determinadas pessoas mais sensíveis à ação dos carcinógenos ambientais, o que explica por que algumas delas desenvolvem câncer e outras não, quando expostas.

Em resumo, podemos dizer que é claro que todo o câncer tem origem genética, mas a maioria deles não apresenta hereditariedade. As alterações genéticas que dão origem a quase todos os tumores malignos acontecem nos órgãos e tecidos que não estão relacionados à formação dos gametas, que são as células que transmitem as características hereditárias. Assim, estas alterações não são transmitidas aos filhos.

Abaixo, conheça quais são as principais relações entre a hereditariedade e o câncer, como prevenir e tratar os cânceres hereditários.

Quais são os principais tipos de cânceres hereditários?

Para nos formar como indivíduos, possuímos duas cópias de cada gene: uma do pai e outra da mãe, que estão presentes em nosso DNA. A maioria das pessoas nasce com duas cópias normais de cada gene. Mas, no caso do câncer hereditário, a pessoa nasce com alterações em uma cópia de um gene.

Quando isso acontece, os indivíduos com alterações genéticas herdadas possuem 50% de chance de passar a mutação para os seus filhos. Essas alterações podem aumentar o risco de câncer. Contudo, nem todas as pessoas que nascem com uma modificação genética irão desenvolver a doença.

Acredita-se que os cânceres hereditários são causados em parte pelas alterações genéticas transmitidas de pais para filhos, enquanto os esporádicos são oriundos das exposições ambientais. Por isso, quem tem histórico familiar deve redobrar os cuidados, já que eles são afetados tanto pela genética quanto pelos agentes externos.

A comunidade científica utiliza o termo suscetibilidade genética para descrever o risco aumentado de câncer em pessoas com uma mutação hereditária. Além do retinoblastoma, existem outros tipos de câncer que podem ser causados por hereditariedade são:

  1. câncer de mama;

  2. câncer de ovário;

  3. câncer de intestino;

  4. câncer tireoidiano;

  5. câncer de próstata;

  6. câncer gástrico;

  7. câncer de rim.

Normalmente, os fatores associados a hereditariedade e o câncer costumam desencadear a doença precocemente. Ou seja, pessoas com câncer hereditário manifestam os sinais e sintomas antes de pacientes com câncer esporádico.

Por esse motivo, caso você tenha algum histórico familiar, é fundamental realizar o rastreamento frequente, para o diagnóstico precoce e aumento das chances de remissão ou cura.

Diagnóstico precoce e aconselhamento genético

Atualmente, é possível realizar o diagnóstico de forma extremamente precoce da probabilidade de desenvolvimento de um câncer hereditário. Isso se deve ao fato de uma série de genes responsáveis por estes tipos de câncer já terem sido descobertos.

Caso haja ocorrências de relações entre hereditariedade e câncer na família, a conduta médica mais correta é executar a investigação dos genes, que começa pela sessão de aconselhamento genético.

O aconselhamento genético é um processo de comunicação sobre problemas associados à ocorrência de uma doença hereditária ou genética na família. Através deste processo, os pacientes e/ou parentes que possuem ou estão em risco de possuir uma doença hereditária são informados sobre as características da condição, a probabilidade ou risco de desenvolvê-la e transmiti-la, além das opções de prevenção e cuidados.

Devido a sua complexidade e importância médica, o aconselhamento genético deve ser sempre realizado pelo especialista em Genética Clínica. Caso a indicação seja apropriada, é possível rastrear mutações em genes relacionados a um determinado tipo de câncer.

Em 2013, a atriz e cineasta Angelina Jolie decidiu se submeter a uma dupla mastectomia preventiva. Ela realizou o procedimento após encontrar uma deformação hereditária no gene chamado BRCA1.

Os médicos concluíram que ela tinha 87% de chances de desenvolver um câncer de mama. Já em 2015, a atriz retirou os ovários e as trompas de falópio após os médicos descobrirem que ela teria 50% de desenvolver câncer nesses órgãos.

O que fica de lição é: se cuide. Afinal de contas, o diagnóstico precoce ainda é a melhor forma de combater o câncer, seja ele hereditário ou esporádico.

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